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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Chanucá não é o natal dos Judeus


Chanucá não é o Natal dos Judeus. Mas as luzes são de todos nós!

sexta-feira, 11/12/09 - 15h55
por José Luiz Goldfarb
Hoje, sexta-feira, 11 de dezembro, ao anoitecer a comunidade judaica de todo o mundo celebra a Festa de Chanucá. É no judaísmo o Festival das Luzes. Durante oito noites, até o entardecer do dia 18, os judeus acendem a Chanuquiá (candelabro de oito velas, mais uma vela guia para o acendimento das demais). A cada noite uma vela a mais é iluminada até a 8ª vela na 8ª noite.
A Chanuquiá nos faz lembrar o momento da reconquista do Templo Sagrado de Jerusalém, cerca de 160 anos AC. Os judeus, comandados pelos Macabeus, enfrentaram um poderoso exército e retomaram o Templo. Ao ingressar, os sacerdotes viram que tudo estava profanado e os lacres dos vidros para iluminar o Santo dos Santos estavam abertos e inutilizados. Havia apenas um vidrinho perdido com o lacre intacto. Para se preparar o azeite purificado para iluminar o ponto mais sagrado do Templo leva-se oito dias. O que fazer? Esperar oito dias para reinaugurar o Templo? A decisão, típica do otimismo judaico, foi inaugurar com o azeite disponível para uma noite e a seguir em frente para enfrentar o problema.
Conta a história que a luz brilhou, milagrosamente, por oito dias e oito noites! Assim o acendimento das velas de Chanucá é um ritual que nos faz lembrar o milagre ocorrido na reconquista do Templo. O espírito Macabeu, imbuído de força, coragem, valentia, é exaltado e ensinado às novas gerações. As crianças participam ativamente e se divertem com a graça das velinhas da Chanuquiá. Cantos alegres, brincadeiras típicas e doces saborosos tornam a festa ainda mais especial.
Apesar da proximidade no calendário com o Natal (em alguns anos há até coincidência) e, ainda, apesar das duas festas serem “iluminadas”, Chanucá não corresponde à festa cristã. Por isso não é correta a afirmação de que “Chanucá é o Natal dos Judeus”. Obviamente, os eventos lembrados no ritual de Chanucá aconteceram quase dois séculos antes do nascimento de Jesus. Além do mais, para os judeus, Jesus, ainda que um profeta que espalhou o monoteísmo pelo mundo afora, não é o Messias - que ainda é esperado.
Estive neste período em Nova York e vi que, devido à forte presença da comunidade judaica, em cada esquina da Broadway há enfeites de Natal e Chanucá, lado a lado. Uma expressão do diálogo e entendimento das comunidades. Para construirmos um mundo melhor e sempre iluminado é preciso observar o que todos temos em comum - como a busca da paz, do amor e do divino – e, ao mesmo tempo, entender e respeitar as diferenças, que tornam a Humanidade ainda mais rica, diversa e bela.
Jose Luiz Goldfarb é assessor da vice-presidência Cultural-Social da Associação Brasileira ‘A Hebraica’ e responsável pelo culto na Sinagoga da instituição. É curador há 19 anos do Prêmio Jabuti, professor e diretor do programa de Estudos de Pós-Graduação em História da Ciência da PUC-SP, coordenador de diversos projetos de incentivo à Leitura e diretor de divulgação da campanha “Doe um Livro no Natal”, nascida no Twitter, que já arrecadou cerca de 40 mil livros.
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